Iniciamos o trabalho pedagógico com a leitura do livro “A live das Modernistas” de Alexandra Lima da Silva. Os/as estudantes foram estimulados a fazer a leitura de forma individual do livro e fizemos uma roda de conversas para debater as questões apresentadas com a presença da autora, assim como a distribuição de exemplares e autógrafos. Durante as aulas, trabalhamos alguns conceitos artísticos que eram trabalhados na obra literária, como autorretrato e releituras. Assim como estimulamos o pensamento crítico sobre a participação feminina na Arte.

Mesmo com as referências dadas pela leitura, durante uma dinâmica realizada com os alunos/as, na qual solicitamos nomes de artistas visuais, percebemos que o número de homens era expressivamente superior ao número de mulheres. De igual forma, fizemos uma busca no Google, e o mesmo fato se confirmou. Questionamos os alunos/as sobre os motivos dessa desigualdade, trazendo referências sobre o estabelecimento do ensino oficial de Arte no Brasil, através da Academia de Belas Artes, e o impedimento da formação feminina nessa instituição. De igual forma, esclarecemos que na arte popular ou utilizando outros meios de aprendizagem, na informalidade, a mulher se envolvia com trabalhos artísticos, tanto que participava dos salões e premiações realizadas pela Academia. Porém, eram consideradas como amadoras, e não eram vistas como profissionais. Foram apresentadas referências de artistas, como Abigail de Andrade, que ganhou a medalha de ouro em 1884. Voltamos o olhar para as artistas trabalhadas no livro “A live das Modernistas” e a sua importância para o movimento moderno brasileiro, e pela valorização do pensamento artístico das mulheres.

Os/as alunos/as foram incentivados a buscar outras referências sobre mulheres artistas, pensando na diversidade brasileira, seus diversos grupos étnicos e classes sociais. Dessa forma, os/as estudantes pesquisaram artistas negras, indígenas e populares apresentando suas histórias e obras, momento de compartilhamento e troca de conhecimentos. Ao final foram incentivados a realizar uma pintura utilizando como base o trabalho ou uma obra da artista pesquisada. Eles poderiam realizar um autorretrato ou uma releitura, influenciados pela estética da artista escolhida.

Algumas técnicas foram utilizadas e conceitos reforçados, como figura e fundo, perspectivas, entre outros. Cada aluno/a realizou primeiramente um projeto que foi passado para tela. Ao término do ano letivo, foi realizada a exposição dos trabalhos na cerimônia de formatura e ao final os/as estudantes puderam partilhar sua experiência com seus familiares, e levar sua produção como uma recordação. 

A experiência pedagógica foi muito produtiva, pudemos acompanhar o debate gerado, os questionamentos levantados que não se limitaram pensar a mulher na arte, mas também refletiram sobre seu papel na sociedade de uma forma ampla, no campo profissional, na política, nos diversos grupos sociais, e até na violência doméstica. Auxiliando e estimulando, assim, na construção de consciência crítica que vise estimular a busca por uma sociedade mais justa e igualitária.